Oh Meu Bem!

Oh meu bem!

Hoje a saudade bateu na porta, pediu para entrar e tomar um café, ofereci o melhor lugar da casa e tratei de trazer aquela fatia de bolo de laranja para acompanhar a prosa.

Falamos sobre o tempo que não volta mais, e paramos para recordar sobre como era bom ser criança. Na malinha que trazia rente ao corpo, mostrou fotos de momentos que havia esquecido por conta da correria que é ser adulto, mas de forma inexorável, insistiu que maratona nenhuma deveria deixar memórias tão preciosas se perderem assim.

Mas bem, deixa te contar: A saudade bateu mesmo na minha porta só para me fazer vir aqui. Ela me contou quantas vezes te visitou nesses últimos anos e por quantas reformas você passou sem tirar a nossa foto da moldura principal. Mandou deixar de lado toda baboseira que faz dos nossos lares tão cheios de novidade e ao mesmo tempo, tão vazio de nós dois. E sabe, já limpei tantas vezes o carpete da sala, mas não consegui apagar as marcas que você deixou. Os meus papéis de parede? Troquei! São lindos por sinal, mas todos que passaram por aqui tiveram a mesma característica: os versos que eram escritos no guardanapo da nossa lanchonete favorita. O quarto agora não parece tão solitário quanto no início, porque o tempo me ensinou a crescer o suficiente para ocupar uma cama sozinha sem sentir frio, mas é inegável que deitar com você tornava meu dia melhor.

Meu bem, saiba escolher as visitas na sua residência. Não deixa o rancor tomar conta de uma história que foi tão linda um dia. Coloca as flores mais alegres na tua varanda e permita-se ver o que um dia encheu teus olhos de emoção outra vez. Eu sei que estou presente em cada janela da tua sala, e em cada estrela no teu céu, porque foi assim aprendemos a amar: deixando um rastro por onde passar, e dessa maneira, uma parte de si.

Quando terminar de ler este recado, por obséquio, abre a porta para mim. A saudade já me matou várias vezes, e não suporto mais nenhuma visita dela sabendo que você está no outro lado da rua. Trouxe aquele bolo de laranja para acompanhar uma prosa, se encarregue do café - com leite -.

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